AS CHAVES PARA O REINO

 

A Bíblia menciona três grandes frutos do Espírito de Deus:

A fé, a esperança e o amor (1 Coríntios 13:13). A maioria dos cristãos compreendem facilmente que o amor é o maior destes dons, e incluindo a fé, ambos são essenciais para a salvação.

     E a esperança? O que éa esperança? A Bíblia coloca-a ao

mesmo nível do amor e da fé.

     A esperança é um dos dons espirituais mais importantes que

cada um de nós deve procurar exercitar.

Compreendamos primeiro o que não é a esperança. Na conversa­ção diria muitas pessoas falam de "esperança" quando se referem a um desejo. Quando se diz: "'Espero que tudo corra bem" geralmente indica que a pessoa receia o contrário.

Esperar não é desejar. A esperança é confiante, forte, e eficaz. A esperança não é temerosa, pelo contrário, afasta o temor e as dúvidas.

Esperar significa ter confiança em algo que se cumprirá. A palavra grega traduzida como "esperança" no Novo Testamento tem precisamente este significado.

A esperança cristã não tem nada de débil. _ algo positivo e seguro. È olhar adiante para o futuro.A esperança eleva os pensamentos mais além das provas e difi­culdades do presente. vê como Deus produz o seu carácter em nos

Mediante as nossas experiências, tornando-nos aptos para a vida eterna.

Um cristão cheio de esperança tem entusiasmo e um sentido de propósito. Transborda de energia espiritual para seguir crescendo e superando-se por cima dos factores e influências negativas que pre­tendem desanimar e frustrar o seu caminho para o reino de Deus. O apóstolo Paulo disse que "em esperança fomos salvos" (Romanos 8:24).

Todo o cristão trava uma batalha espiritual diiria ao longo

da sua vida. Paulo descreveu a sua própria luta assim:

"No meu íntimo, eu quero seguir a lei de Deus, mas vejo que

no meu corpo há uma outra lei que está contra a lei da minha mente. _ isso que me torna prisioneiro da lei do pecado que está no meu corpo. Que homem infeliz eu sou! Quem me libertar deste corpo de morte ?" (Romanos 7:22-24).

Aqui Paulo expressou o sentir de um cristão profundamente convertido, frustrado pelos seus fracassos pessoais que o impediam de alcançar a meta da perfeição que há em Jesus Cristo. viu quão difícil é viver a própria vida em Cristo como se deseja, superando cada tentação, controlando cada pensamento, e resistindo a todas

as artimanhas de Satanis.

Paulo exclamou: "Eu sei que o bem não habita dizer na minha natureza. Embora tenha o desejo de não sou capaz disso. Não faço o bem que eu quero, que não quero". (versículo 18).

Sem dúvida que nós também nos sentimos às vezes oprimidos por impulsos físicos, pensamentos e atitudes contrárias à lei perfeita do amor.

     Às vezes temos medo de perder a salvação porque não podemos

desarreigar todo o pecado da nossa vida.

     A ideia do pecado é aborrecida, porém ainda exerce uma grande

atracção sobre a nossa carne.

 

em mim, quer praticar o bem, mas faço o mal

 

Todo o cristão pode fazer eco das palavras de Paulo: "Porque sabemos que a lei _ espiritual, mas eu sou carnal, vendido ao pe­cado" (versículo 14).

A batalha contra o pecado continuar_ acesa enquanto vivermos. O pecado   é o nosso inimigo mortal.

O apóstolo João até ao fim da sua longa vida e ministério, ensinou que "se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós

próprios, e a verdade não está em nós" (1 João 1:8). Nenhum cristão

venceu o pecado completamente excepto Jesus Cristo.

Deus inspirou Paulo para que ele descrevesse os problemas de todos os cristãos. Também revelou através do mesmo apóstolo, a ma­neira de os ultrapassarmos. Devemos submeter o nosso carácter a

uma transformação por meio do Espirito Santo de Deus que opera nas

nossas mentes.                  _

Uma vez gerado pelo Espirito de Deus, o cristão começa uma vida dedicada a crescer e a superar-se, a vencer e a desenvolver

o carácter de Deus. Aqui _ onde reside a nossa _esperança para o futuro.

Paulo disse-nos: "Porque se viveis conforme a carne morrereis, mas se pelo Esp{rito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis" Romanos 8:13). Esta é a promessa que Deus nos faz!

Deus Pai coloca o seu Espirito Santo na mente de cada crente rec_m convertido dando-lhe assim poder sobre o pecado a fim de que

possa desenvolver o carácter divino na sua própria mente.

Jesus Cristo, nosso Salvador, pagou por nós a pena de morte como consequência dos nossos pecados, de maneira a podermos nas­cer dentro da familia de Deus e receber a vida eterna quando

Jesus Cristo regresse (Romanos 6:23).

Este _ o propósito da nossa vida e a base da nossa esperança para o futuro!

"Porque todos os que são guiados pelo Espirito de Deus, esses são filhos de Deus" (Romanos 8:14). Nenhum cristão nasceu ainda dentro da familia de Deus, por_m são herdeiros da promessa. as ver­dadeiros cristãos são as primicias da familia de Deus e nascerão nela quando Jesus Cristo regressar.

      a plano divino para o homem _ algo tão extraordinário que não

podemos captá-lo plenamente.

      Quando Jesus Cristo regressar trará_ ao mundo uma era de paz

     de harmonia e de beleza incomparáveis. Dará inicio a uma nova era a que as escrituras chamam "os  tempos de restauração de todas as coisas"(Actos 3:21).

Neste momento, o mundo está a sofrer precedem a chegada do reino de Deus:

"Bem sabemos que até_ agora todo o mundo geme e sofre como se fossem dores de parto. Não só o universo, mas também nós que já começamos a receber os dons do Espírito. Sofremos e esperamos a hora de sermos adoptados como filhos de Deus que é a nossa total libertação. De facto, nós já fomos salvos mas _ na esperança":Romanos 8:22-24).

Que necessitaremos nós para podermos participar de tão glo­rioso futuro? Notemos o que disse Pedro:

"Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, pela sua grande misericórdia, deu-nos uma vida cheia de esperança por meio da ressurreição de Jesus Cristo, e prometeu-nos uma he­rança que não pode destruir-se, nem perder o valor, nem estragar­-se. É a herança que Deus tem reservada no céu para vós que, por meio da fé estais guardados pelo poder de Deus para a salvação que está para se manifestar nos últimos tempos" (1 Pedro 1:3-5).

 

Ainda que muitos no povo de Deus saibam que o reino divino

se estabelecerá na terra e desejem fazer parte dele, duvidam que recebam a vida eterna, porque se sentem vencidos pelo temor e pelo desespero. Mas estas atitudes negativas vêm de Satanás e seus dem6­nios, os quais carecem de toda a esperança.

      Para eles, o regresso de Jesus Cristo significa o julgamento

dos seus pecados de rebelião.

      O ap6stolo Tiago escreve: "Tu acreditas que há um s6 Deus.

Muito bem! Os espíritos maus também acreditam e at_ tremem" (Tiago 2:19).

Satanás e os seus dem6nios têm uma natureza inalterável. Não mudarão nem respeitarão a orientação de Deus nas suas vidas. são rebeldes e arqui-inimigos dele. Mas o ser humano que tenha caído no pecado por debilidade ou ignorância, tem esperança.

Alguns dos que escutaram a pregação de Pedro no Dia de Pente­costes, tinham semanas antes pedido a morte de Jesus Cristo, Sal­vador da humanidade.

"Mas quando ouviram isto, ficaram muito comovidos e _perguntaram a Pedro e aos outros apostolos: "Irmãos, que devemos fazer? Pedro respondeu: "Arrependam-se do mal e cada um seja baptizado

em nome de Jesus Cristo, para que Deus vos perdoe os pecados e receberão o Espírito Santo" (versículos 38-4).

Deus criou todas as pessoas para que se tornassem aptas para pertencerem _ sua família. "Ele quer que todos se salvem e tenham conhecimento da verdade" (1 Tim6teo 2:4).

Quando uma pessoa que recebe esta oportunidade mediante o chamamento de Deus não actua de acordo com a esperança que se abre, vem a ser como o indivíduo descrito na parábola dos talentos, que se negou a produzir com o talento que tinha recebido, e para jus­tificar o seu fracasso, explicou: "Tive medo" (Mateus 25:25). care­cia de visão e saíu perdendo.

O ap6stolo Paulo não teve medo, apesar dos obstáculos. Sabia muito bem que a vontade de Deus era levá-lo até ao reino e sempre teve presente essa meta:

"Que diremos disto ? Se Deus está por n6s, quem poderá estar contra n6s ? Ele que não nos recusou o seu pr6prio Filho, mas o ofereceu por todos n6s, como _ que não nos dará todas as coisas

com o seu Filho? "Romanos 8:31-32).

A Bíblia diz que Abraão foi o pai de todos os crentes (Roma­nos 4:11). Por que se refere em termos tão honrosos? Que fez Abraão para se destacar assim? A escritura diz a tal respeito:

"Abraão acreditou em Deus e, por isso, Deus o colocou em boas relações consigo" (versículo 3). Abraão confiou na palavra de Deus e nas suas promessas. Olhou para o futuro e esperou o cumprimento do prop6sito divino. Quando Deus disse a Abraão que seria pai de muitas nações, a atitude do patriarca foi a seguinte: .

"Abraao tinha quase 100 anos, mas a sua fé não enfraqueceu ao pensar no seu corpo já quase sem vida e ao saber que Sara não podia ter filh6s. Em vez de perder a fé e desconfiar da promessa de Deus, q. sua fé tornou-se ainda mais forte e ele deu louvores a Deus. Tinha a firme certeza de que Deus tem o poder de cumprir aquilo que pro­mete"  (versículos 19-21). "

Abraão tinha a esperança unida á sua fé. Deu gloria a Deus e esperou confiadamente no que Deus lhe tinha prometido. Os restan­tes patriarcas do Antigo Testamento também tinham a fé unida à esperança, e deles ficou assim escrito:

 

"Todas estas pessoas morreram na fé sem terem recebido

antes as coisas que Deus lhes tinha prometido. Viram-nas de

longe e alegraram-se com elas. Eles afirmavam que pertenciam

a outra terra e que estavam só de passagem" (Hebreus 11:13).

Durante quase 6.000 anos, Deus Pai e Jesus Cristo têm suportado os pecados e rebeliões da humanidade contra o governo

e o caminho de vida de Deus. Mas em breve o mundo será libertado, como Paulo diz em Romanos 8:21:

"Também um dia o mundo será libertado da escravidão e da destruição, para tomar parte na gloriosa liberdade dos filhos

de Deus".

Paulo termina assim _ inspirador capítulo oitavo de Romanos, que bem podia chamar-se "o capítulo da esperança" assim como em

1 Coríntios 13 pode chamar-se "o capítulo do amor" e em Hebreus 11 "o capítulo da fi".

"Com efeito, eu tenho a certeza que não há nada que nos possa separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida, nem os anjos ou outras forças ou poderes espirituais; nem o presente, nem o futuro; nem as forças do alto, nem as do abismo. Não há nada nem ninguém que nos possa separar do amor que Deus nos deu a conhecer por nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor nosso" (Romanos 8:38-39).

Assim como os demais frutos do Espírito Santo, a esperança é  um dom de Deus que aumenta directamente à medida que o cristão dedica a sua vida a Deus.

Mediante a oração, o estudo diligente da Palavra divina e

as acções sempre dirigidas para a meta do reino de Deus, a espe­rança vai crescendo.

       O apóstolo João descreve a inspiração que devemos sentir

ao conhecer o futuro que nos aguarda:

"Queridos amigos, agora somos filhos de Deus, mas aquilo que havemos de ser ainda não é totalmente claro. O que sabemos é que,

quando Jesus aparecer, havemos de ser iguais a ele, porque havemos de o ver tal como ele _. Todo aquele que tem esta esperança em Cristo purifica-se para ser puro como ele" (1 João 3:2).

Aproxima-se o momento em que Jesus Cristo regressará, cum­prindo a parábola dos talentos. Mantenhamos os olhos postos no reino de Deus e alegremo-nos com os que escutaram estas palavras:

"Muito bem! - disse-lhe o patrão. !s um empregado bom e fiel. Já que foste fiel nas coisas pequenas, eu te confiarei

as grandes. Vem tomar parte na felicidade do teu patrão !

(Mateus 25:23).

 

James P. Lichtenstein

 

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